Em 05 de dezembro de
2014, publiquei um artigo no jornal “O Liberal”, de Belém do Pará, intitulado
“POR QUE NÃO VAI DAR CERTO”. A base do argumento era a conhecida tese entre os
economistas de que a economia política domina a política econômica. Penso
que o texto continua atual e, nesta hora em que Levy – infelizmente- sai pela
porta dos fundos, continua servindo de alerta para todos nós: pelo menos até
2018, continuaremos a lamber as nossas próprias feridas, com a economia ladeira
a baixo e a inflação ascendente, venha quem vier como novo Ministro da Fazenda.
Republico o artigo:
“Em quase todas as
economias ocidentais democráticas prima-se pela excelência do comprometimento
público para com a transparência na gestão dos recursos públicos. A
questão das manobras fiscais – que está sendo conduzida pelo Lulopetismo – deve
ser entendida dentro deste contexto. (Por justiça, devo dizer que não
generalizo o mau hálito do Lulopetismo a todos os eleitores do Partido dos
Trabalhadores, nem a todos os seus participantes, ou integrantes. Existe muita
gente decente nessa situação que, espero, há de se voltar em breve contra a
posição dominante). Registrado o habeas corpus preventivo, retomo. No
Lulopetismo estão os portadores dessa deficiência moral: todos aqueles cuja
regra de vida reza que... “se é bom para ganharmos as eleições, então é bom
para todos”. Dane-se a consciência!
Depois de atentar
contra as instituições brasileiras ao longo de quase 12 anos, os líderes da
“Camorra Brasiliana” resolveram agora sangrar a democracia e o estado de
direito nos brindando com a maior farra fiscal da já sofrida história
brasileira. Alguém pode perguntar, e com absoluta razão, qual a relação entre
instituições, valores democráticos, estado de direito e resultados econômicos?
Não são estes últimos apenas uma questão de se achar um “bom” Ministro da
Fazenda? Tudo o que ocorreu até hoje, não foi simplesmente “um erro” técnico?
Ora, argumentam os situacionistas, uma vez descoberto o erro tecnocrático,
basta corrigi-lo. E foi corrigido! Ainda que tardiamente, mas corrigido! E
prosseguem, trocamos o Mantega por Levy, e, agora sim, vai dar tudo bem.
Bom, só para começar,
quando as instituições de um país são vilipendiadas não há política econômica
que funcione. Nem aqui, nem na Bélgica. A “economia política” sempre domina a
“política econômica”. A primeira depende sempre do estado de direito, das
regras do jogo, do respeito republicano às instituições, do estatuto axiológico
da nação, da despersonalização da política econômica, dos valores democráticos.
É uma forma de conviver, de ver o mundo. A segunda é resultado de bom uso
da razão e do conhecimento técnico e científico. É bom lembrar que impera
sempre a “regra de ouro”: se a economia política está saudável, então a
política econômica pode até funcionar, pois depende somente de competência de
quem a executa; se a economia política está desmoralizada, então apolítica
econômica nunca irá funcionar de forma duradoura. Aqui perde-se a fidúcia e a
economia não caminha para o longo prazo. Quando os fundamentos da política
estão amancebados com a mentira e com a corrupção, então as expectativas se
tornam negativas. Nesse momento qualquer êxito da política econômica será
sempre efêmero, fraco e fugaz. Não vinga, não prospera.
Vivemos um momento
delicado na história do Brasil de hoje, onde as patologias políticas emergem e
mostram a sua face teratogênica e pretendem tiranizar. Não pretendo dizer que o
populismo Lulopetista seja a nossa única fonte de disfunção na economia
brasileira contemporânea, mas seguramente afirmo que é a mais importante, a
mais nociva e mais duradoura.
Por populismo lulopetista
não me refiro somente ao conhecido populismo tradicional da América Latina, que
se contentava somente com acenar para os mais pobres enquanto fazia a fartura
dos opulentos. O Populismo Lulopetista – este filho abortivo da nossa pátria,
que hoje jugula os brasileiros – é inovador e inaugura uma nova era de
obscenidade política, quer muito mais: aproveita-se das carências dos mais
pobres, manipula-os, e, sem pudor, coloca-os na armadilha do medo, dividindo de
forma acintosa e maniqueísta o país entre “nós e eles”. Explora, sem meneios de
cabeça, a dor dos famélicos para fazer deles criaturas sub-humanas,
dependentes.
Para o Lulopetismo, o
ditado “o cão lambe a mão que lhe dá de comer” é mote de inspiração para uma
política social que não inclui nem exclui: gera zumbis viciados em esmola.
Seres humanos que nada têm, pois tudo o que pensam possuir sai do cabresto do
“déspota benevolente”. O que é um direito do cidadão deve ser barganhado junto
ao clientelismo incumbente, trocado por dois dinheiros junto ao Grande
Companheiro.
Nesse Brasil do
Lulopetismo nenhum economista dá jeito. Sinto muito Ministro Levy, mas você
somente vai dar sobrevida às gárgulas e arrastar os nossos piores pesadelos.
Estou pagando para
ver.”
Bom, deu no que deu ...